O brasileiro José Graziano da Silva e o ex-chanceler espanhol Migeul Ángel Moratinos são apontados como favoritos na disputa pela direção da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação. Substituto do senegalês Jacques Diouf será definido na conferência prevista para junho em Roma, da qual participarão os 193 membros da organização. Graziano era o franco favorito para o cargo até a entrada em cena de Moratinos, que passou a contar com o apoio do presidente espanhol José Luis Rodríguez Zapatero.
El País
O ex-ministro de Assuntos Exteriores e Cooperação da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, decidiu apresentar sua candidatura à direção geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), uma das principais agências da ONU, dedicada à luta contra a fome e a desnutrição. Para substituir ao senegalês Jacques Diouf, seu diretor nos últimos 17 anos, Moratinos terá que superar seus rivais na conferência prevista para junho em Roma, na qual participarão os 193 membros da organização.
A competição está muito acirrada, mas Moratinos tem chances reais, asseguram fontes diplomáticas. Ainda que o prazo de apresentação de candidaturas se encerre no dia 31 de janeiro, já se sabe que disputam também o posto o Brasil, o Iraque e a Indonésia. O competidor mais duro, segundo as fontes consultadas, é o brasileiro José Graziano da Silva, que foi ministro da Segurança Alimentar, no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva e responsável pelo programa Fome Zero, política mais emblemática do ex-presidente brasileiro.
Graziano era o franco favorito para o cargo até a entrada em cena de Moratinos. O presidente José Luis Rodríguez Zapatero prometeu seu apoio a Lula no verão passado, quando ainda não havia pensado em prescindir do então chefe da diplomacia espanhola. A reforma ministerial de 20 de outubro mudou, porém, esse panorama. Agora, Zapatero decidiu apoiar as aspirações de seu ex-ministro, cujo êxito compensaria a escassa representação da Espanha na cúpula da ONU.
Graziano conta com o peso econômico e político do Brasil, uma potência agrícola que conseguiu espetaculares avanços em matéria de segurança alimentar, e com seu excelente currículo profissional: é doutor em Economia e professor de Economia Agrícola na Universidade de Campinas, além de encarregado da FAO para a América Latina e Caribe desde março de 2006.
Algumas fontes acreditam, no entanto, que a FAO já tem suficientes técnicos de valor entre seus quase 4 mil empregados e que precisa de um político com a agenda internacional de Moratinos para recuperar seu prestígio e mobilizar as ajudas dos governos em momentos de fortes restrições orçamentárias. Além disso, muitos duvidam que Dilma Rousseff, presidenta do Brasil desde o dia 1° de janeiro, jogue todo o peso no nome de Graziano, cuja candidatura foi uma aposta pessoal de seu predecessor, com quem mantem uma longa amizade.
Frente à ideia de que a direção da FAO pertence a um país em desenvolvimento, Moratinos argumentará que a Espanha foi, nos últimos anos, um de seus principais contribuintes, com doações voluntárias entre 25 e 40 milhões de euros ao ano. O resultado é, porém, quase imprevisível, dado o complexo sistema de eleição. O vencedor sai de sucessivas rodadas nas quais vão sendo eliminados os candidatos menos votados. Isso supõe que os votos latino-americanos, asiáticos ou árabes, que na primeira votação devem ser destinados aos seus respectivos candidatos regionais, podem inclinar a balança em favor dos que permaneçam na disputa.
Superado esse exercício, o vencedor iniciará seu mandato em janeiro de 2012, por um período de quatro anos, prorrogável por outros quatro, até 2019 no máximo. A limitação do mandato de diretor geral (os dois últimos permaneceram, somados, 34 anos) é uma das reformas da FAO pendentes de aplicação, mas não é a única, pois em novembro de 2009 foi aprovado um plano de ação que prevê uma profunda renovação.
“O novo diretor, seja quem for, deverá liderar um processo de mudança e renovação para fazer da FAO uma organização moderna, menos burocrática e mais ágil, eficaz e flexível para adaptar-se rapidamente aos novos desafios”, adverte um bom conhecedor da agência. Além das reformas internas, que passam, entre outras coisas, pelo “aprofundamento do processo de descentralização, a introdução da gestão baseada em resultados e uma nova política de recursos humanos”, o novo diretor enfrentará o desafio de “melhorar a imagem da FAO, difundir seus êxitos e aumentar a sensibilidade social frente ao drama da fome”, acrescenta esse especialista.
E isso em um contexto econômico mundial dominado pelos ajustes orçamentários e a escalada no preço dos produtos básicos, que ameaça provocar novas crises alimentares. Se o emprenho de Moratinos tiver êxito – para o qual conta com o respaldo do secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon, será o espanhol a ocupar o cargo mais alto nas Nações Unidos depois que Federico Mayor Zaragoza ocupou, entre 1987 e 1999, a direção da Unicef. A vice presidenta Elena Salgado tentou sem êxito, em 2006, liderar a Organização Mundial da Saúde. Atualmente, Inés Alberdi dirige o Fundo da ONU para as Mulheres (Unifem), e Joan Clos a agência para o urbanismo (Habitat).
A competição está muito acirrada, mas Moratinos tem chances reais, asseguram fontes diplomáticas. Ainda que o prazo de apresentação de candidaturas se encerre no dia 31 de janeiro, já se sabe que disputam também o posto o Brasil, o Iraque e a Indonésia. O competidor mais duro, segundo as fontes consultadas, é o brasileiro José Graziano da Silva, que foi ministro da Segurança Alimentar, no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva e responsável pelo programa Fome Zero, política mais emblemática do ex-presidente brasileiro.
Graziano era o franco favorito para o cargo até a entrada em cena de Moratinos. O presidente José Luis Rodríguez Zapatero prometeu seu apoio a Lula no verão passado, quando ainda não havia pensado em prescindir do então chefe da diplomacia espanhola. A reforma ministerial de 20 de outubro mudou, porém, esse panorama. Agora, Zapatero decidiu apoiar as aspirações de seu ex-ministro, cujo êxito compensaria a escassa representação da Espanha na cúpula da ONU.
Graziano conta com o peso econômico e político do Brasil, uma potência agrícola que conseguiu espetaculares avanços em matéria de segurança alimentar, e com seu excelente currículo profissional: é doutor em Economia e professor de Economia Agrícola na Universidade de Campinas, além de encarregado da FAO para a América Latina e Caribe desde março de 2006.
Algumas fontes acreditam, no entanto, que a FAO já tem suficientes técnicos de valor entre seus quase 4 mil empregados e que precisa de um político com a agenda internacional de Moratinos para recuperar seu prestígio e mobilizar as ajudas dos governos em momentos de fortes restrições orçamentárias. Além disso, muitos duvidam que Dilma Rousseff, presidenta do Brasil desde o dia 1° de janeiro, jogue todo o peso no nome de Graziano, cuja candidatura foi uma aposta pessoal de seu predecessor, com quem mantem uma longa amizade.
Frente à ideia de que a direção da FAO pertence a um país em desenvolvimento, Moratinos argumentará que a Espanha foi, nos últimos anos, um de seus principais contribuintes, com doações voluntárias entre 25 e 40 milhões de euros ao ano. O resultado é, porém, quase imprevisível, dado o complexo sistema de eleição. O vencedor sai de sucessivas rodadas nas quais vão sendo eliminados os candidatos menos votados. Isso supõe que os votos latino-americanos, asiáticos ou árabes, que na primeira votação devem ser destinados aos seus respectivos candidatos regionais, podem inclinar a balança em favor dos que permaneçam na disputa.
Superado esse exercício, o vencedor iniciará seu mandato em janeiro de 2012, por um período de quatro anos, prorrogável por outros quatro, até 2019 no máximo. A limitação do mandato de diretor geral (os dois últimos permaneceram, somados, 34 anos) é uma das reformas da FAO pendentes de aplicação, mas não é a única, pois em novembro de 2009 foi aprovado um plano de ação que prevê uma profunda renovação.
“O novo diretor, seja quem for, deverá liderar um processo de mudança e renovação para fazer da FAO uma organização moderna, menos burocrática e mais ágil, eficaz e flexível para adaptar-se rapidamente aos novos desafios”, adverte um bom conhecedor da agência. Além das reformas internas, que passam, entre outras coisas, pelo “aprofundamento do processo de descentralização, a introdução da gestão baseada em resultados e uma nova política de recursos humanos”, o novo diretor enfrentará o desafio de “melhorar a imagem da FAO, difundir seus êxitos e aumentar a sensibilidade social frente ao drama da fome”, acrescenta esse especialista.
E isso em um contexto econômico mundial dominado pelos ajustes orçamentários e a escalada no preço dos produtos básicos, que ameaça provocar novas crises alimentares. Se o emprenho de Moratinos tiver êxito – para o qual conta com o respaldo do secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon, será o espanhol a ocupar o cargo mais alto nas Nações Unidos depois que Federico Mayor Zaragoza ocupou, entre 1987 e 1999, a direção da Unicef. A vice presidenta Elena Salgado tentou sem êxito, em 2006, liderar a Organização Mundial da Saúde. Atualmente, Inés Alberdi dirige o Fundo da ONU para as Mulheres (Unifem), e Joan Clos a agência para o urbanismo (Habitat).
Tradução: Katarina Peixoto
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