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17 de jan. de 2011

Brasil, Espanha, Iraque e Indonésia disputam direção da FAO

O brasileiro José Graziano da Silva e o ex-chanceler espanhol Migeul Ángel Moratinos são apontados como favoritos na disputa pela direção da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação. Substituto do senegalês Jacques Diouf será definido na conferência prevista para junho em Roma, da qual participarão os 193 membros da organização. Graziano era o franco favorito para o cargo até a entrada em cena de Moratinos, que passou a contar com o apoio do presidente espanhol José Luis Rodríguez Zapatero.
O ex-ministro de Assuntos Exteriores e Cooperação da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, decidiu apresentar sua candidatura à direção geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), uma das principais agências da ONU, dedicada à luta contra a fome e a desnutrição. Para substituir ao senegalês Jacques Diouf, seu diretor nos últimos 17 anos, Moratinos terá que superar seus rivais na conferência prevista para junho em Roma, na qual participarão os 193 membros da organização.

A competição está muito acirrada, mas Moratinos tem chances reais, asseguram fontes diplomáticas. Ainda que o prazo de apresentação de candidaturas se encerre no dia 31 de janeiro, já se sabe que disputam também o posto o Brasil, o Iraque e a Indonésia. O competidor mais duro, segundo as fontes consultadas, é o brasileiro José Graziano da Silva, que foi ministro da Segurança Alimentar, no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva e responsável pelo programa Fome Zero, política mais emblemática do ex-presidente brasileiro.

Graziano era o franco favorito para o cargo até a entrada em cena de Moratinos. O presidente José Luis Rodríguez Zapatero prometeu seu apoio a Lula no verão passado, quando ainda não havia pensado em prescindir do então chefe da diplomacia espanhola. A reforma ministerial de 20 de outubro mudou, porém, esse panorama. Agora, Zapatero decidiu apoiar as aspirações de seu ex-ministro, cujo êxito compensaria a escassa representação da Espanha na cúpula da ONU.

Graziano conta com o peso econômico e político do Brasil, uma potência agrícola que conseguiu espetaculares avanços em matéria de segurança alimentar, e com seu excelente currículo profissional: é doutor em Economia e professor de Economia Agrícola na Universidade de Campinas, além de encarregado da FAO para a América Latina e Caribe desde março de 2006.

Algumas fontes acreditam, no entanto, que a FAO já tem suficientes técnicos de valor entre seus quase 4 mil empregados e que precisa de um político com a agenda internacional de Moratinos para recuperar seu prestígio e mobilizar as ajudas dos governos em momentos de fortes restrições orçamentárias. Além disso, muitos duvidam que Dilma Rousseff, presidenta do Brasil desde o dia 1° de janeiro, jogue todo o peso no nome de Graziano, cuja candidatura foi uma aposta pessoal de seu predecessor, com quem mantem uma longa amizade.

Frente à ideia de que a direção da FAO pertence a um país em desenvolvimento, Moratinos argumentará que a Espanha foi, nos últimos anos, um de seus principais contribuintes, com doações voluntárias entre 25 e 40 milhões de euros ao ano. O resultado é, porém, quase imprevisível, dado o complexo sistema de eleição. O vencedor sai de sucessivas rodadas nas quais vão sendo eliminados os candidatos menos votados. Isso supõe que os votos latino-americanos, asiáticos ou árabes, que na primeira votação devem ser destinados aos seus respectivos candidatos regionais, podem inclinar a balança em favor dos que permaneçam na disputa.

Superado esse exercício, o vencedor iniciará seu mandato em janeiro de 2012, por um período de quatro anos, prorrogável por outros quatro, até 2019 no máximo. A limitação do mandato de diretor geral (os dois últimos permaneceram, somados, 34 anos) é uma das reformas da FAO pendentes de aplicação, mas não é a única, pois em novembro de 2009 foi aprovado um plano de ação que prevê uma profunda renovação.

“O novo diretor, seja quem for, deverá liderar um processo de mudança e renovação para fazer da FAO uma organização moderna, menos burocrática e mais ágil, eficaz e flexível para adaptar-se rapidamente aos novos desafios”, adverte um bom conhecedor da agência. Além das reformas internas, que passam, entre outras coisas, pelo “aprofundamento do processo de descentralização, a introdução da gestão baseada em resultados e uma nova política de recursos humanos”, o novo diretor enfrentará o desafio de “melhorar a imagem da FAO, difundir seus êxitos e aumentar a sensibilidade social frente ao drama da fome”, acrescenta esse especialista.

E isso em um contexto econômico mundial dominado pelos ajustes orçamentários e a escalada no preço dos produtos básicos, que ameaça provocar novas crises alimentares. Se o emprenho de Moratinos tiver êxito – para o qual conta com o respaldo do secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon, será o espanhol a ocupar o cargo mais alto nas Nações Unidos depois que Federico Mayor Zaragoza ocupou, entre 1987 e 1999, a direção da Unicef. A vice presidenta Elena Salgado tentou sem êxito, em 2006, liderar a Organização Mundial da Saúde. Atualmente, Inés Alberdi dirige o Fundo da ONU para as Mulheres (Unifem), e Joan Clos a agência para o urbanismo (Habitat).

Tradução: Katarina Peixoto

Os sintomas de uma nova crise alimentar mundial
Os preços mundiais do arroz, do trigo, do açúcar, da cevada e da carne seguiram altos ou registraram significativos aumentos em 2011, podendo replicar a crise de 2007-2008, alerta a FAO. No final de 2010, ocorreram protestos na China pelos altos preços das refeições de estudantes. Nos primeiros dias de 2011, já ocorreram protestos na Argélia e também na Tunísia, onde protestos de rua causaram a morte de pelo menos 20 pessoas. "Estamos entrando em um terreno perigoso", alerta economista da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação.
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), com sede em Roma, alertou a semana passada que os preços mundiais do arroz, do trigo, do açúcar, da cevada e da carne seguiram altos ou registraram significativos aumentos em 2011, podendo replicar a crise de 2007-2008. Rob Vos, diretor de políticas de desenvolvimento e análise no Departamento de Economia e Assuntos Sociais da ONU relata que o aumento dos preços já está afetando vários países em desenvolvimento. Ele indicou ainda que nações como Índia e outras do leste e do sudoeste da Ásia sofrem inflação de dois dígitos, impulsionada pelo aumento dos preços dos alimentos e da energia. Na Bolívia, o governo se viu obrigado a reduzir os subsídios a alguns dos alimentos da cesta básica, já que estavam provocando uma disparada no déficit fiscal.

As implicações no curto prazo não são apenas que os pobres serão afetados e que mais gente poderá ser arrastada para a pobreza, mas sim que ficará mais difícil a recuperação dos países que enfrentam uma maior inflação e cairá o poder aquisitivo dos consumidores em geral. Alguns bancos centrais estão endurecendo suas políticas monetárias e governos estão se vendo obrigados a apertar o cinto, assinalou Vos, que é também chefe dos economistas da ONU.

Frederic Mousseau, diretor de políticas do Instituto Oakland, com sede em São Francisco, declarou que, em setembro passado, Moçambique já havia sofrido revoltas populares pelos altos preços do pão. Cerca de 13 pessoas morreram nestes protestos. “Ocorreram manifestações em uns 30 países em 2008 e isso pode se repetir agora uma vez que a situação não mudou nos últimos três anos”, sustentou Mousseau, autor do livro “O desafio dos altos preços dos alimentos: uma revisão das respostas para combater a fome”. Os países mais vulneráveis são os mais dependentes das importações e os menos capazes de enfrentar o aumento dos preços nos mercados com políticas públicas, sustentou. Isso concerne a muitas das nações mais pobres, com menos recursos, menos instituições e menos mecanismos públicos para apoiar a produção de alimentos”, explicou ainda Mousseau.

No final do ano passado ocorreram protestos na China pelos altos preços das refeições dos estudantes do ensino secundário, e na Argélia, pelo aumento do preço da farinha, do leite e do açúcar. Os argelinos voltaram a tomar as ruas na semana passada para protestar contra as duras condições econômicas. As manifestações terminaram com três mortos e centenas de feridos, enquanto que, na vizinha Tunísia, distúrbios similares causaram pelo menos 20 vítimas fatais.

Segundo o índice da FAO divulgado na semana passada, os preços dos cereais, dos grãos oleaginosos, lácteos, carnes e açúcar seguiram aumentando por seis meses consecutivos. “Estamos entrando em um terreno perigoso”, disse Abdolreza Abbassian, economista da FAO, para um jornal de Londres. Mousseau explicou que os preços começaram a aumentar em 2010 após as quebras de safras na Rússia e Europa Oriental, em parte causadas pelos incêndios de verão. Agora, as severas inundações que atingiram a Austrália, quarto maior exportador mundial de trigo, provavelmente afetarão a produção desse cultivo, elevando ainda os preços. “Qualquer outro acontecimento, como outro desastre climático em algum país exportador ou um novo aumento do preço do petróleo, sem dúvida alguma fará os preços dispararem, tornando a situação pior que a de 2008 e ameaçando o sustento de milhões de pessoas em todo o mundo”, acrescentou.

Por outro lado, Mousseau esclareceu que não se trata agora de um problema de escassez, como ocorreu em 2007-2008. “Não se pode usar a palavra escassez se consideramos que mais de um terço dos cereais produzidos no mundo são usados como alimento para animais, e que uma parte cada vez maior é utilizada para produzir agrocombustíveis”, observou. De fato, produziram-se 2,23 bilhões de toneladas de cereais no mundo em 2008, uma cifra sem precedentes. O nível de produção para o período 2010-2011 é levemente menor que o de 2008. A diferença é que, em 2008, foi o arroz que impulsionou a alta de preços, enquanto que, desta vez, é o trigo. Mas, em todo o caso, há uma combinação de fatores agindo: uma má colheita em uma parte do mundo provoca uma pressão sobre o mercado, que envia sinais negativos aos especuladores. Esses então começam a comprar e os preços disparam.

Tradução: Katarina Peixoto

 
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