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Quentinhas diárias e saudáveis.
Atendemos nas quadras da Asa Norte:714/15/16, 514/15 e 315
R$ 8,00

11 de mar. de 2011

Crianças aprendem na escola os segredos da alimentação saudável

Chegar ao peso ideal depende do consumo de frutas, verduras, legumes e saber escolher alimentos saudáveis. A cada 15 dias, crianças de escola de Curitiba vão para o mercado municipal onde têm aulas de culinária.

Dulcinéia Novaes
A turminha é agitada, barulhenta, bem disposta. É só dar uma chance que a criançada logo corre para exercitar os músculos e queimar calorias. A hora do recreio é uma festa, pena que dure tão pouco.
“Nossas crianças não brincam mais. Elas não gastam a energia que elas precisam. Por outro lado, estão comendo calorias a mais”, critica a nutricionista Sílvia Rocha, da Secretaria de Educação de Curitiba.
Há 15 anos, a preocupação nas escolas municipais de Curitiba era com a desnutrição. Hoje, é com o sobrepeso. Duas a cada seis crianças da rede municipal de ensino estão mais fofinhas do que deveriam.
Em uma escola, na zona sul da cidade, os professores arregaçaram as mangas. Os alunos que já passaram um pouquinho das medidas merecem cuidados especiais. As atividades físicas foram dobradas. Em vez de duas, quatro vezes por semana. Tudo, em ritmo de brincadeira.
Victória Lis Félix Silvério, de 8 anos, começou a participar das atividades há seis meses. Estava pesadinha, beirando os 40 kg. Hoje, ela está três quilos mais magra. Giovana está no mesmo caminho. Já perdeu dois quilos, assim como Antonio, Mateus e André. Todos perderam peso e ganharam mais fôlego.
Os cuidados com a alimentação também cresceram nas escolas da rede municipal. Na hora da merenda, tudo é balanceado para que as crianças não fiquem com excesso de peso. É demorado, é a longo prazo, mas a gente tem bastante confiança que é por aí o caminho”, afirma a nutricionista Sílvia Rocha, da Secretaria de Educação de Curitiba.
Chegar ao peso ideal depende do consumo de frutas, verduras, legumes e saber escolher também outros alimentos saudáveis. Por isso, a cada 15 dias, as crianças deixam os cadernos de lado e vão para o mercado municipal. No local, a visita é orientada por nutricionistas e inclui também aulas de culinária.
Por algumas horas, eles se transformam em pequenos "gourmets".
Tem suco limão, suco de cenoura com limão e docinho de cenoura com coco.
Globo Repórter: O que você aprende nessas aulas de alimentação saudável?
Antonio Pereira, de 9 anos: Que as frutas são boas e ajudam a emagrecer.
Globo Repórter: E você conseguiu emagrecer? Quanto?
Antonio Pereira, de 9 anos: Três quilos.
Eles aprendem também que quanto mais natural a alimentação, melhor para a saúde.
Vitoria Felix Silveiro, de 8 anos, está entre os alunos mais aplicados. “A alimentação saudável é uva, morango, manga, melancia”, diz a menina.
Mas o que fazer quando, se encontra guloseimas em casa? A dona de casa Isis Felix Silveiro, a mãe de Vitória, faz doces para vender. A especialidade é o alfajor, um bolinho recheado com doce de leite e coberto com chocolate.
Desde que a Vitória passou a integrar o projeto de alimentação saudável, as delícias que mãe dela faz foram excluídas do consumo diário. Isis conta como fez para que a filha conseguisse resistir: “tem que controlar”. “Às vezes, minha mãe está fazendo uma coisa eu quase que babo na mesa”, diz a menina.
Mas Vitória tem resistido bravamente. Na hora das refeições, ela tem na ponta da língua as respostas que muitas mães não ouvem nem nos sonhos. Ísis coloca no prato da filha vagem, pepino e cenoura. A família seguiu os passos: mais saladas, comida com pouquíssimo óleo e carnes grelhadas.
“Antes, era arroz, não tinha salada. Era difícil colocar uma salada mesmo na mesa. Às vezes, tinha, mas só alface, o feijão, a carne e acabou”, revela Isis.
Vitória trouxe para a família um novo ritmo de vida. E a mãe aprendeu a lição. “Eu preciso também, porque eu também estou acima do peso. Então, para mim, está sendo ótimo. A gente tem se sentido mais leve até. E a consciência, também”, destaca.

10 de mar. de 2011

Editais para implantação ou modernização de Bancos de Alimentos, Cozinhas Comunitárias e Restaurantes Populares

MDS lança editais para ampliar restaurantes, cozinhas e bancos de alimentos

02/03/2011 - 15:17

Ana Nascimento/MDS
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Ministra Márcia Lopes, o presidente do Consea, Renato Maluf, e a coordenadora do conselho, Carmen Priscila
Brasília, 2 – Para fortalecer o enfrentamento à extrema pobreza e promover a segurança alimentar e nutricional e a inclusão produtiva das famílias do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) publicou, nesta terça-feira (1º), os editais para ampliar o número de Bancos de Alimentos, Cozinhas Comunitárias e Restaurantes Populares em todo o País. Essas unidades fazem parte da rede de equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional.

Serão investidos R$ 11 milhões em Restaurantes Populares, R$ 4,5 milhões nos Bancos de Alimentos e R$ 14,6 milhões nas Cozinhas Comunitárias. O financiamento se destinará à construção do prédio, aquisição de equipamentos, móveis e utensílios, com objetivo de incentivar, além do fornecimento de refeições saudáveis, atividades de formação e qualificação profissional na área de alimentação, nutrição e gastronomia junto aos beneficiários do Cadastro Único. A manutenção e a gestão desses equipamentos serão de responsabilidade das prefeituras ou governos estaduais.

Neste ano, o edital de Cozinhas Comunitárias se direciona aos municípios selecionados para os projetos Praças do PAC e Creches ProInfância, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Já o Banco de Alimentos vai priorizar municípios operadores do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e os que operem o mínimo de 30% dos recursos do FNDE para aquisição de gêneros alimentícios oriundos da agricultura familiar, em cumprimento à Lei nº 11.497/2009, do Pnae. A iniciativa busca fortalecer a articulação e integração entre os programas e equipamentos públicos no âmbito local. Os Restaurantes Populares se destinarão a municípios acima de 100 mil habitantes.

As propostas devem ser enviadas por meio do Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse (Siconv), do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, até 13 de abril. O resultado será divulgado no dia 23 de maio. Todas as informações estão detalhadas no edital, disponível na página do MDS na internet.

Os critérios de pontuação para a seleção das propostas apresentadas vão priorizar a implantação dos equipamentos em áreas com maior concentração de população em situação de pobreza e extrema pobreza, e ainda o incentivo ao desenvolvimento de atividades de formação e qualificação profissional na área de alimentação, nutrição e gastronomia junto às famílias inscritas no Cadastro Único – base de dados usada para seleção dos beneficiários para os programas sociais do Governo Federal.

Programa – Os Restaurantes Populares e Cozinhas Comunitárias, equipamentos públicos de alimentação e nutrição, integram a Rede Operacional do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan). Visam ampliar a oferta de refeições adequadas a preços acessíveis à população de baixa renda. As instalações apoiadas têm capacidade mínima de produção de mil refeições diárias, nos restaurantes, e de 200, nas cozinhas.

Os Bancos de Alimentos são unidades de abastecimento e combate ao desperdício. Auxiliam na distribuição dos gêneros alimentícios do PAA, além de se caracterizarem como importante espaço de articulação com o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Atuam ainda na doação às entidades socioassistenciais, pertencentes ao Sistema Único de Assistência Social (Suas).

Com apoio do MDS, já foram criados, em todo o País, 67 Bancos de Alimentos, 406 Cozinhas Comunitárias e 89 Restaurantes Populares.


Recursos
: R$ 30 milhões
Prazo de inscrição: até 13/04/11
Divulgação do resultado: 23/05/2011

Dimas Ximenes
(61) 3433-1052
Ascom/MDS
www.mds.gov.br/saladeimprensa

PROJETO PANELA DE XPRESSÃO

MANIFESTO

FÓRUM NACIONAL DE REFORMA URBANA
                           

O FNRU defende as cidades para as bicicletas
A frota brasileira de bicicletas se apresenta como a quinta no mundo, apenas atrás da China, Índia, EUA e Alemanha. No entanto, se observamos as cidades brasileiras veremos que estamos longe de conceder a prioridade devida aos ciclistas que têm a bicicleta como seu modo preferencial para seus deslocamentos.

A maior prova de que esse direito não é respeitado aconteceu  sexta-feira, dia 25 com os ciclistas do movimento Massa Crítica em Porto Alegre - RS. Um carro com dois homens dentro não gostou de ter o trânsito atrapalhado por aquilo que eles provavelmente não consideram um meio de transporte. O motorista usou o carro como arma. Alguns ciclistas foram diretamente atingidos, outros se machucaram pela reação em cadeia: uma bicicleta foi derrubando outra. No fim, 15 pessoas foram parar no Hospital de Pronto Socorro. Os homens fugiram logo depois do ocorrido. As imagens chocam bastante.

Alguns meios de comunicação chamaram a tentativa de homicídio de “acidente”. Não há argumento que convença do uso do termo. Não existe lógica que leve a ele. Não há qualquer questionamento possível de que possa ter acontecido de forma ocasional. É muito importante frisar que o atropelamento foi intencional. O motorista decidiu deliberadamente acelerar e passar por cima dos ciclistas, pois muita gente acha que a bicicleta está atrapalhando o trânsito e não que ela tem direito à cidade.

O FNRU é contra a violência
Violência é, por definição, um comportamento humano que visa ou que pode causar dano à outra pessoa, a qualquer ser vivo ou objeto. É o ato atentatório contra a autonomia, a integridade física ou psicológica e mesmo contra a vida de outro. É um fenômeno que permeia todo o tecido social e assume diferentes formas. É geral e pode ocorrer do nosso lado. Ela pode ser percebida nos bairros nobres das cidades e nas periferias. Violência que tem um efeito destruidor sobre as pessoas e sobre as regras de convívio na cidade. A falta de espaço para outras formas de se movimentar que não seja o automóvel provoca um trânsito violento e interfere no tecido social, prejudica a qualidade das relações sociais e contribui para o quadro da perda da qualidade de vida. Cerca de 80% da população anda ou viaja de transporte público ou bicicleta e só 20% de automóvel particular. Porém, esses 20% ocupam 70% do espaço das cidades. A emissão de gases pelo automóvel o torna o grande vilão ambiental e exige a transformação dos nossos hábitos, além de se ter a privatização do espaço público e ser socialmente injusto.

Enfim, decretada a prisão de atropelador de ciclistas

Centenas de ciclistas protestaram nas ruas de Porto Alegre contra o atropelamento coletivo e o advogado do motorista, o bancário Ricardo Neis, 47 anos, confirmou a internação de seu cliente em uma clínica psiquiátrica ontem. À noite, de acordo com o promotor Eugênio Amorim, a Justiça decretou a prisão de Neis. E o delegado Gilberto Montenegro anunciou que vai indiciar o motorista por tentativa de homicídio duplamente qualificado (por motivo fútil e uso meio que impediu a defesa das vítimas). Ele teria agido com a intenção de matar ao avançar com seu carro sobre um grupo de ciclistas que participava do passeio no bairro Cidade Baixa.

Sexta feira passada 2 mil pessoas se reuniram no Largo Zumbi dos Palmares em Porto Alegre. Às 19h, eles partiram pela Rua José do Patrocínio, para refazer o trajeto da fatídica bicicletada. Logo na saída da manifestação, o grupo começou a ganhar a adesão de simpatizantes – outros ciclistas e moradores do bairro. Quando os manifestantes chegaram à esquina com a Rua Luiz Afonso, ponto onde ocorreu o atropelamento coletivo, o protesto atingiu um caráter simbólico. Centenas deles largaram as bicicletas e deitaram sobre o asfalto, representando os feridos no episódio.

Precisamos remover mitos e preconceitos
Estima-se que no Brasil mais de 20 milhões de pessoas façam uso da bicicleta pelo menos duas vezes por semana para se deslocar ao trabalho. Este número representa apenas um terço da frota declarada pela Abraciclo. Já para a frota de veículos, estima-se que circulem 28 milhões diariamente com uma ocupação de 1,3 passageiros por veículo. Temos, portanto,
Cerca de 30 milhões de viajantes nos automóveis confrontados com 20 milhões de ciclistas. Vejam só o espaço que os automóveis ocupam nas cidades e o espaço dos ciclistas, ainda sem contar que a bicicleta não polui e ajuda a manter nossa saúde.

Então, o grande problema é que a infraestrutura destinada aos ciclistas não estimula nem mesmo os ciclistas tradicionais a fazerem uso da bicicleta com maior intensidade, quanto mais atrair usuários de outros modos de transporte. Por isto, para que ocorra uma mudança significativa na mobilidade por bicicleta no país seria necessário traçar metas ousadas para os próximos anos. Precisamos contribuir para recuperar a qualidade de vida no planeta.

O FNRU defende as viagens de bicicleta e respeita a bicicleta como mais um dos modos ambientalmente corretos para uso no trânsito das cidades.  Defendemos o uso da bicicleta  como meio do transporte e o incentivo do transporte público coletivo. Queremos retomar  o espaço  público  para a mobilidade segura do pedestre que não consegue mais  circular  em boa parte das nossas cidades por falta de vias para o pedestre.

O FNRU defende que não necessitamos de 1 tonelada (peso de um automóvel) para transportar 70 kg (peso de uma pessoa).  A preocupação com a sustentabilidade do planeta deve fazer com que o uso da bike cresça. A chegada da internet  também faz com que  o movimento de ciclistas cresça e de agilidade à organização de pedaladas e manifestações.

Neste sentido o Fórum Nacional de Reforma Urbana declara sua solidariedade ao movimento Massa Crítica e defende que a bicicleta contribui para conter o aquecimento global na mesma proporção dos vários programas de plantio de árvores.

Defende o desafio das cidades com espaços destinados a utilização da bicicleta, para que em um futuro não muito distante, a  utilização da magrela não venha a acarretar tantos acidentes e insegurança como acontece hoje com as motocicletas. 

Defende ser fundamental discutir e reivindicar às autoridades atuais de cada região a necessidade de infraestrutura para se pedalar com segurança.

Enfim, somos solidários com o movimento de ciclistas e declaramos  que a sensação de triunfo pessoal de cada cicloativista deve ser valorizada por saber que cada um deles sabe estar fazendo parte de um movimento global de luta pela sustentabilidade urbana, pela redução de poluentes, por cidades mais humanas.

Coordenação Nacional:
UNMP - União Nacional por Moradia Popular,
MNLM - Movimento Nacional de Luta pela Moradia, CMP - Central de Movimentos Populares,
CONAM – Confederação Nacional de Associações de Moradores,
FASE - Federação dos Órgãos para Assistência Social e Educacional
FENAE - Federação Nacional das Associações de Empregados da Caixa Econômica,
FISENGE – Federação Interestadual dos Sindicatos de Engenheiros,
FNA - Federação Nacional de Arquitetos,
 Instituto Polis – Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais,
IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal,
IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas,
ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos,
COHRE Américas – Centro pelo Direito à Moradia contra Despejos,
AGB – Associação dos Geógrafos Brasileiros, FENEA –
Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo do Brasil,
CAAP – Centro de Assessoria à Autogestão Popular,
ABEA – Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo,
Fundação Bento Rubião –
Centro de Defesa dos Direitos Humanos,
Observatório das Metrópoles IPPUR/UFRJ/FASE,
Terra de Direitos
ActionAid do Brasil;
Conselho Federal de Assistência Social;
Habitat para Humanidade Brasil,
Fórum Nordeste de Reforma Urbana;
GT Urbano do FAOR – Fórum da Amazônia Oriental;
Fórum da Amazônia Ocidental
 Fórum Sul de Reforma Urbana.

A EMPRESA

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A empresa serve no máximo 20 refeições diárias, por entender que a exclusividade de sua clientela deve se preservada na dedicação, no prazer e na criatividade onde o produto final lhe trará satisfação e saúde. 

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Como se alimentar de forma saudável durante a crise financeira

É possível seguir algumas directrizes e continuar a comprar alimentos saudáveis, ao invés de passar, devido à crise, para uma dieta de batatas fritas, queijo e massas, ou hambúrguer e cachorro quente.
Faça o seu próprio café em casa, compre fruta e legumes da estação, e ocasionalmente, substitua a carne por fontes de proteínas alternativas, como ovos e feijão, e, mesmo que pareça uma solução fácil, barata e muito tentadora, mantenha-se afastado das cadeias de Fast-Food. A fotografia bonita não compensa a falta de nutrição.
“Os tempos de crise financeira, como a que atravessamos de momento devido ao preço do petróleo, não significa que tenhamos de nos alimentar de forma pouco saudável”, diz Aleitor Mendes, um conhecido nutricionista de São Paulo, Brasil. “Ao planear com tempo, comprar nas feiras e mercados e aproveitar os produtos de marca própria dos hipermercados podemos poupar muito dinheiro e ao mesmo tempo fornecer alimentos ricos e saudáveis para toda a família.”
Fonte:http://www.alimentacaosaudavel.org/Artigo-alimentacao-economica.html

27 de jan. de 2011

O que está em jogo no Fórum Social Mundial 2011

As questões do Fórum Social Mundial de Dakar estão organizadas em três grandes temas: a conjuntura global e a crise, a situação dos movimentos sociais e cívicos e o processo do Fórum Social Mundial. O FSM Dakar também será o momento para o debate sobre o caráter incompleto da descolonização e devir de uma nova fase descolonização.


Por Gustave Massiah e Nathalie Péré-Marzano*, em Carta Maior


A situação global está marcada pelo aprofundamento da crise estrutural da globalização capitalista. As quatro dimensões da crise (social, geopolítica, ambiental e ideológica) serão abordadas em Dakar. A crise social será enfrentada em particular sob os pontos de vista da desigualdade, da pobreza e da discriminação, enquanto a crise geopolítica será discutida em particular da perspectiva da guerra e do conflito, do acesso às matérias primas e da emergência de novas potências.


A crise ambiental será debatida, em particular, sob a perspectiva da mudança climática, enquanto a crise ideológica será discutida da perspectiva de ideologias seguras, da questão das liberdades e da democracia e da cultura, presentes desde o Fórum Social de Belém, que serão analisadas em profundidade.


A evolução da crise lança luz sobre uma situação contraditória. Análises do movimento altermundista estão sendo aceitas, reconhecidas e contribuem para a crise do neoliberalismo. As propostas produzidas pelos movimentos são aceitas como base, por exemplo, para o monitoramento dos setores financeiro e bancário, para a eliminação dos paraísos fiscais, de tributos internacionais, o conceito de segurança alimentar, até então considerados heresias, estão nas agendas do G8 e do G20. E mesmo assim ainda não foram traduzidos em políticas viáveis. Essas propostas tem sido acolhidas, mas não se efetivam por causa da arrogância das classes dominantes confiantes no seu poder.


A validação das agendas resulta na transformação das palavras de ordem dos movimentos em lugares comuns. É preciso refinar as perspectivas e conceder mais relevância ao debate estratégico, à articulação entre a resistência de curto prazo e a de médio prazo e à mudança em curso sob a superfície dos acontecimentos. A situação lança uma luz sobre a natureza dual da crise, tensionada entre a crise do neoliberalismo, que é a fase da globalização capitalista e a crise da própria globalização capitalista; uma crise do sistema que pode ser analisada como uma crise de civilização, a crise da civilização ocidental, estabelecida desde princípios do século XV.


Nesse contexto, alianças estratégicas devem obedecer a duas exigências. A primeira está vinculada à luta contra a pobreza, a miséria e a desigualdade, o uso do trabalho precário e a violação das liberdades no mundo, para melhorar as condições de vida e a expressão da classe trabalhadora diretamente afetada pela economia dominante e pelas políticas públicas. A segunda exigência prioriza o fato de que outro mundo é possível; um mundo necessário envolve um rompimento definitivo com os modos de produção e consumo da economia e da sociedade, bem como a redistribuição ambiental, com o equilíbrio geopolítico do poder estabelecido nas décadas recentes nos modelos democráticos proeminentes do ocidente.


Três propostas emergem como respostas à crise: o neoconservadorismo, que propõe a continuação do atual padrão dominante e dos privilégios que os acompanham às custas das liberdades, da continuidade das desigualdades e da extensão dos conflitos e das guerras; uma reestruturação profunda do capitalismo defendido pelos militantes do “New Deal Verde”, que propõe regulação global, redistribuição relativa e uma promoção voluntarista das “economias verdes”; e uma alternativa ambiental e social radical, que corresponde a uma superação do atual sistema dominante.


O Fórum Social Mundial reúne todos os que rejeitam a opção neoconservadora e a continuação do neoliberalismo, constituindo um fórum pela mudança vigorosa da discussão entre os movimentos que fazem parte de uma perspectiva de avanço de um “New Deal Verde” e os que defendem a necessidade de alternativas radicais.


A referência ao contexto africano



O Fórum Social Mundial de Dakar vai enfatizar questões essenciais que aparecem com mais nitidez com as referências ao contexto africano. A ênfase estará no lugar da África no mundo e na crise. A África é objeto privilegiado de análise, ao tempo em que exemplifica a situação global. Não é pobre; é empobrecida. A África não é marginalizada; é explorada. Com suas matérias primas e recursos humanos cobiçados pelos países do Norte e pelas potências emergentes, e com a cumplicidade ativa dos líderes de alguns estados africanos, a África é indispensável para a economia global e para o equilíbrio ambiental do planeta.


A ênfase também estará na descolonização como um processo histórico incompleto. A crise do neoliberalismo e a crise de hegemonia dos Estados Unidos são indicativos da possibilidade de uma nova fase de descolonização, e do enfraquecimento das potências coloniais europeias. A representação Norte-Sul está mudando, uma situação que não elimina a realidade geopolítica e as contradições entre o Norte e o Sul.


O Fórum priorizará as diásporas e as migrações como uma das questões centrais da globalização. A questão será enfrentada com base na situação atual dos imigrantes e seus direitos, numa análise de longo termo, com o comércio de escravos posto sob a perspectiva do crescimento do papel das diásporas culturais e econômicas.


O Fórum debaterá as mudanças no sistema internacional, nas instituições multilaterais e nas negociações internacionais. Em particular, vai focar nas questões que tornam clara a necessidade de regulação global: equilíbrio ambiental, migração e diásporas, conflitos e guerras.


A situação dos movimentos sociais e comunitários



A convergência dos movimentos de que o Fórum Social Mundial se constitui está comprometida com a resistência ambiental e democrática. Com as lutas sociais presentes nos combates cívicos pelas liberdades e contra a discriminação. A resistência é inseparável das práticas emancipatórias específicas levadas a cabo pelos movimentos.


A direção estratégica dos movimentos está voltada para a acessibilidade universal ao direito, pela igualdade de direitos e pelo imperativo democrático. Os movimentos trazem consigo um movimento histórico de emancipação que são extensão e renovação de movimentos anteriores. Será em torno da definição, da implementação e da garantia de direitos que um novo período de emancipação possível será definido.


Essa definição exige que essas concepções de diferentes gerações de direitos sejam revisitadas: direitos políticos e civis formalizados pelas revoluções do século XVIII, reafirmados pela Declaração Universal de Direitos Humanos, complementadas pelos desafios do totalitarismo dos anos 60; os direitos dos povos que o movimento de descolonização promoveu, com base no direito da autodeterminação, o controle dos recursos naturais, o direito ao desenvolvimento e à democracia; direitos sociais, econômicos e culturais especificados pela Declaração Universal e estipulados pelo Protocolo Adicional adotado pelas Nações Unidas na Assembleia Geral em 2000. Uma nova geração de direitos está em gestação. Direitos que correspondem à expressão da dimensão global e dos direitos definidos com vistas a um mundo diferente da globalização dominante. A partir desse ponto de vista, duas questões serão as mais proeminentes em Dakar: direitos ambientais para a preservação do planeta e os direitos dos migrantes e da migração que questione o papel das fronteiras, bem como a organização do mundo.


O Fórum Social Mundial de Belém enfatizou os benefícios para os movimentos de abarcarem a agenda ambiental em todas as suas dimensões, do clima à destruição dos recursos naturais e da biodiversidade, e da preservação da água, da terra e das suas matérias primas. O FSM de Dakar priorizará um novo tratamento da questão da migração, com a ligação entre migrações e diásporas e a Carta Mundial dos Migrantes.


O FSM Dakar também será o momento para o debate sobre o caráter incompleto da descolonização e devir de uma nova fase descolonização. É nesse contexto que a relação entre o Norte e o Sul está mudando. Considerando que a representação Norte/Sul está mudando na perspectiva da estrutura social, há um Norte no Sul e um Sul no Norte.


A emergência do poder de grandes estados está mudando a economia global e o equilíbrio de forças geopolíticas, e é reforçado pelo crescimento de mais de trinta estados que podem ser chamados de economias emergentes. Para tudo isso, contudo, as formas de dominação continuam a ser cruciais na ordem global. O conceito de Sul continua a ser altamente relevante.


O Fórum Social Mundial enfatiza uma nova questão: o papel histórico e estratégico dos movimentos sociais nos países emergentes como um todo em relação ao seu Estado e o papel futuro desses estados no mundo. Essa questão, que já marcou os fóruns com o debate sobre o papel jogado pelos movimentos no Brasil e na Índia assume uma importância particular estratégica com a mudança geopolítica associada à crise.


O Fórum Social Mundial é o ponto de encontro para movimentos de vários tipos e de diferentes partes do mundo. Esses movimentos já começaram a se encontrar em redes que reúnem diferentes movimentos nacionais. O processo dos fóruns revela duas mudanças. A primeira delas é as conexões entre movimentos de acordo com suas regiões, características e contextos específicos unificam os movimentos da América Latina, América do Norte e Sul da Ásia (e em particular, a Índia), o sudoeste da Ásia, Japão, Europa e Rússia. O Fórum Social Mundial de Dakar terá dois impactos maiores. O ano de 2010 e os preparativos para Dakar foram marcados pela nova importância conquistada pelos movimentos da região do Magreb-Machrek.


O vigor dos movimentos sociais africanos será visível em Dakar, na forma de movimentos de campesinos, sindicatos, grupos feministas, de juventude, habitantes locais, grupos de imigrantes reprimidos, grupos indígenas e culturais, comitês contra a pobreza e contra a dívida, a economia informal e a economia solidária, etc. Esses movimentos são visíveis, com sua convergência diversidade em sub-regiões da África: no Norte da África e em particular no Magreb, no Oeste e na África Central, na África do Leste e na do Sul.


No Fórum Social Mundial de Dakar uma questão fundamental será a do seu alcance político nas mobilizações sociais e da cidadania. Isso conduz ao problema da expressão política dos movimentos e das extensões dos movimentos em relação às instituições, ao cenário político e aos governos dos estados.


Com respeito aos movimentos como um todo, a análise avança sobre a importância da especificidade, via invenção de uma nova cultura política, da relação entre poder e política. O processo do FSM pôs em cena as bases para essa nova cultura política (horizontalidade, diversidade, convergência das redes de cidadãos e dos movimentos sociais, atividades autogestionadas, etc.) mas ainda deve inovar mais em muitas dificuldades relativas à política e ao poder, para conseguir superar a cultura política caduca, que para a imensa maioria persevera dominante.


Além disso, a tradução política dos avanços e das mobilizações dependem das instituições e das representações: num nível local, com a possibilidade de influenciar as decisões das autoridades locais; em nível nacional e internacional, com os governos dos estados, os regimes políticos e as instituições multilaterais; em nível regional e global, com alianças geoeconômicas e geoculturais e com a construção de uma opinião pública global e uma consciência universal.


O processo dos Fóruns Sociais Mundiais



Depois de o Fórum Social Mundial de Belém ter tomado o ano de 2010 como o ano da ação global, mais de quarenta eventos demonstraram o vigor do seu processo. Isso incluiu as atividades dos 10 anos do FSM em Porto Alegre, o Fórum Social Mundial dos Estados Unidos, o Fórum Social Mundial do México e o Fórum das Américas, vários fóruns na Ásia, o Fórum Mundial de Educação na Palestina, mais de oito fóruns do Magreb e Machrek, etc.


Cada evento associado foi iniciativa do comitê local. Esse comitê se refere na Carta de Princípios do Fórum Social Mundial, que adota uma metodologia privilegiando as atividades autogestionadas e declara sua iniciativa no Conselho Internacional do FSM. Essa multiplicação de eventos abre espaço para projeções relativos à extensão do processo dos fóruns. Ele assumiu uma nova forma, “um fórum estendido”, que consiste no uso da Internet para ligar iniciativas locais em diferentes países, com um Fórum em cada. Assim, enquanto ocorria o Fórum Mundial da Educação na Palestina, mais de 40 iniciativas estavam em curso em Ramallah. As iniciativas associadas com “Dakar estendida” inovarão o processo dos fóruns.


A preparação para o FSM Dakar baseou-se nos eventos do ano da ação global, 2010, bem como numa série de iniciativas que asseguraram a convergência de ações e permitiram novos caminhos a serem explorados em termos de organização e metodologia dos fóruns. Assim, já se pode usar as caravanas convergindo para Dakar, dos fóruns de mulheres em Kaolack, das migrações e diásporas, dos encontros para convergência de ações, dos fóruns associados (Assembleia Mundial dos Povos, fóruns pela ciência e pela democracia, sindicatos, autoridades locais e da periferia, parlamentares, teologia e libertação, etc.).


Depois de Dakar, um novo ciclo no processo dos fóruns irá começar. O fortalecimento do processo dos fóruns sociais mundiais poderia ocorrer com a reunião com grandes eventos, como o Rio+20, G8, G20, cúpulas e outras poderiam acordar com sua perspectiva. Seriam reconhecidos como eventos associados ao processo do fórum, estabelecendo assim uma proximidade com os acontecimentos de Seattle, em 1999, que contribuíram para a criação do FSM.


* Gustave Massiah e Nathalie Péré-Marzano são representantes da Research and Information Centre for Development (CRID – France) no Conselho Internacional do Fórum Social Mundial.

Por uma Secretaria Especial de Economia Solidária: situação atual

Por Coordenação Executiva do FBES
Em outros relatos, partilhamos que em outubro do ano passado, durante a reunião do Conselho Nacional de Economia Solidária, criamos uma comissão, composta por representantes de todas as principais forças da economia solidária, tanto na sociedade civil quanto gestores (federais e locais) quanto da setorial do pt de economia solidária. Esta comissão trabalhou por consensos, tendo como orientação as resoluções da II Conferência Nacional de Economia Solidária.
Esta comissão escreveu a "Carta a Dilma", que contou com o apoio de um grande leque de organizações, redes, gestores, parlamentares e movimentos sociais, além de apoios internacionais significativos. Para a entrega desta carta, a comissão dialogou com integrantes centrais da Comissão de Transição do então futuro governo Dilma, em especial José Eduardo Dutra, José Eduardo Cardozo e Gilberto Carvalho, além de contarmos com a ajuda da deputada Luiza Erundina. Assim, a carta chegou às mãos de Dilma na primeira quinzena de dezembro.
A comissão então elaborou uma Proposta de Criação da Secretaria Especial de Economia Solidária, entregue à Comissão de Transição no dia 23 de dezembro de 2010, junto a uma solicitação de audiência com a futura Presidenta e o futuro Ministro da Secretaria Geral Gilberto Carvalho. Esta proposta traz uma justificativa, orientações, diretrizes e estrutura de uma futura Secretaria Especial de Economia Solidária, construída a partir dos acúmulos dos vários atores até aqui. Na virada do ano, com a posse da nova equipe de governo, a comissão solicitou audiência com o Ministro Gilberto Carvalho para discutir sobre a ampliação do espaço da execução da política de Economia Solidária. Infelizmente, até o momento a comissão não foi recebida, e a recepção da comissão pelo núcleo do gabinete do Ministro da Secretaria Geral da Presidência (a Chefe de Gabinete, o Secretário Executivo e a Secretária Adjunta de Articulação Social) não apontou novidades.
A carta a Dilma com os apoios nacionais, o documento com os apoios internacionais, e o documento com a proposta de criação da Secretaria Especial de Economia Solidária encontram-se na seguinte página: http://miud.in/mD9 . Agradecemos fortemente os apoios recebidos até aqui, que deram o peso político dos setores sociais envolvidos: parabéns a todas e todos!
A situação atual é a seguinte: as forças integrantes da comissão estão se movimentando em seus espaços, e no caso específico do FBES, nosso papel agora é o de mobilizar e mostrar nossa insatisfação com o silêncio do atual governo com relação à política de economia solidária.
Estamos pensando estratégias de mobilização junto a Ministros, Parlamentares, Governos Estaduais e Municipais e a Movimentos Sociais. Também estamos pensando na melhor data (dos pontos de vista operacional e político) para a realização da próxima reunião da Coordenação Nacional do FBES.
Neste momento, em que está em curso o debate sobre o "segundo escalão" do governo, é estratégico e de fundamental importância mostrarmos nossa força, diversidade e o nosso projeto de desenvolvimento solidário, sustentável, endógeno e culturalmente diverso.
Coordenação Executiva do Fórum Brasileiro de Economia Solidária - FBES


17 de jan. de 2011

Brasil, Espanha, Iraque e Indonésia disputam direção da FAO

O brasileiro José Graziano da Silva e o ex-chanceler espanhol Migeul Ángel Moratinos são apontados como favoritos na disputa pela direção da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação. Substituto do senegalês Jacques Diouf será definido na conferência prevista para junho em Roma, da qual participarão os 193 membros da organização. Graziano era o franco favorito para o cargo até a entrada em cena de Moratinos, que passou a contar com o apoio do presidente espanhol José Luis Rodríguez Zapatero.
O ex-ministro de Assuntos Exteriores e Cooperação da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, decidiu apresentar sua candidatura à direção geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), uma das principais agências da ONU, dedicada à luta contra a fome e a desnutrição. Para substituir ao senegalês Jacques Diouf, seu diretor nos últimos 17 anos, Moratinos terá que superar seus rivais na conferência prevista para junho em Roma, na qual participarão os 193 membros da organização.

A competição está muito acirrada, mas Moratinos tem chances reais, asseguram fontes diplomáticas. Ainda que o prazo de apresentação de candidaturas se encerre no dia 31 de janeiro, já se sabe que disputam também o posto o Brasil, o Iraque e a Indonésia. O competidor mais duro, segundo as fontes consultadas, é o brasileiro José Graziano da Silva, que foi ministro da Segurança Alimentar, no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva e responsável pelo programa Fome Zero, política mais emblemática do ex-presidente brasileiro.

Graziano era o franco favorito para o cargo até a entrada em cena de Moratinos. O presidente José Luis Rodríguez Zapatero prometeu seu apoio a Lula no verão passado, quando ainda não havia pensado em prescindir do então chefe da diplomacia espanhola. A reforma ministerial de 20 de outubro mudou, porém, esse panorama. Agora, Zapatero decidiu apoiar as aspirações de seu ex-ministro, cujo êxito compensaria a escassa representação da Espanha na cúpula da ONU.

Graziano conta com o peso econômico e político do Brasil, uma potência agrícola que conseguiu espetaculares avanços em matéria de segurança alimentar, e com seu excelente currículo profissional: é doutor em Economia e professor de Economia Agrícola na Universidade de Campinas, além de encarregado da FAO para a América Latina e Caribe desde março de 2006.

Algumas fontes acreditam, no entanto, que a FAO já tem suficientes técnicos de valor entre seus quase 4 mil empregados e que precisa de um político com a agenda internacional de Moratinos para recuperar seu prestígio e mobilizar as ajudas dos governos em momentos de fortes restrições orçamentárias. Além disso, muitos duvidam que Dilma Rousseff, presidenta do Brasil desde o dia 1° de janeiro, jogue todo o peso no nome de Graziano, cuja candidatura foi uma aposta pessoal de seu predecessor, com quem mantem uma longa amizade.

Frente à ideia de que a direção da FAO pertence a um país em desenvolvimento, Moratinos argumentará que a Espanha foi, nos últimos anos, um de seus principais contribuintes, com doações voluntárias entre 25 e 40 milhões de euros ao ano. O resultado é, porém, quase imprevisível, dado o complexo sistema de eleição. O vencedor sai de sucessivas rodadas nas quais vão sendo eliminados os candidatos menos votados. Isso supõe que os votos latino-americanos, asiáticos ou árabes, que na primeira votação devem ser destinados aos seus respectivos candidatos regionais, podem inclinar a balança em favor dos que permaneçam na disputa.

Superado esse exercício, o vencedor iniciará seu mandato em janeiro de 2012, por um período de quatro anos, prorrogável por outros quatro, até 2019 no máximo. A limitação do mandato de diretor geral (os dois últimos permaneceram, somados, 34 anos) é uma das reformas da FAO pendentes de aplicação, mas não é a única, pois em novembro de 2009 foi aprovado um plano de ação que prevê uma profunda renovação.

“O novo diretor, seja quem for, deverá liderar um processo de mudança e renovação para fazer da FAO uma organização moderna, menos burocrática e mais ágil, eficaz e flexível para adaptar-se rapidamente aos novos desafios”, adverte um bom conhecedor da agência. Além das reformas internas, que passam, entre outras coisas, pelo “aprofundamento do processo de descentralização, a introdução da gestão baseada em resultados e uma nova política de recursos humanos”, o novo diretor enfrentará o desafio de “melhorar a imagem da FAO, difundir seus êxitos e aumentar a sensibilidade social frente ao drama da fome”, acrescenta esse especialista.

E isso em um contexto econômico mundial dominado pelos ajustes orçamentários e a escalada no preço dos produtos básicos, que ameaça provocar novas crises alimentares. Se o emprenho de Moratinos tiver êxito – para o qual conta com o respaldo do secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon, será o espanhol a ocupar o cargo mais alto nas Nações Unidos depois que Federico Mayor Zaragoza ocupou, entre 1987 e 1999, a direção da Unicef. A vice presidenta Elena Salgado tentou sem êxito, em 2006, liderar a Organização Mundial da Saúde. Atualmente, Inés Alberdi dirige o Fundo da ONU para as Mulheres (Unifem), e Joan Clos a agência para o urbanismo (Habitat).

Tradução: Katarina Peixoto

Os sintomas de uma nova crise alimentar mundial
Os preços mundiais do arroz, do trigo, do açúcar, da cevada e da carne seguiram altos ou registraram significativos aumentos em 2011, podendo replicar a crise de 2007-2008, alerta a FAO. No final de 2010, ocorreram protestos na China pelos altos preços das refeições de estudantes. Nos primeiros dias de 2011, já ocorreram protestos na Argélia e também na Tunísia, onde protestos de rua causaram a morte de pelo menos 20 pessoas. "Estamos entrando em um terreno perigoso", alerta economista da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação.
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), com sede em Roma, alertou a semana passada que os preços mundiais do arroz, do trigo, do açúcar, da cevada e da carne seguiram altos ou registraram significativos aumentos em 2011, podendo replicar a crise de 2007-2008. Rob Vos, diretor de políticas de desenvolvimento e análise no Departamento de Economia e Assuntos Sociais da ONU relata que o aumento dos preços já está afetando vários países em desenvolvimento. Ele indicou ainda que nações como Índia e outras do leste e do sudoeste da Ásia sofrem inflação de dois dígitos, impulsionada pelo aumento dos preços dos alimentos e da energia. Na Bolívia, o governo se viu obrigado a reduzir os subsídios a alguns dos alimentos da cesta básica, já que estavam provocando uma disparada no déficit fiscal.

As implicações no curto prazo não são apenas que os pobres serão afetados e que mais gente poderá ser arrastada para a pobreza, mas sim que ficará mais difícil a recuperação dos países que enfrentam uma maior inflação e cairá o poder aquisitivo dos consumidores em geral. Alguns bancos centrais estão endurecendo suas políticas monetárias e governos estão se vendo obrigados a apertar o cinto, assinalou Vos, que é também chefe dos economistas da ONU.

Frederic Mousseau, diretor de políticas do Instituto Oakland, com sede em São Francisco, declarou que, em setembro passado, Moçambique já havia sofrido revoltas populares pelos altos preços do pão. Cerca de 13 pessoas morreram nestes protestos. “Ocorreram manifestações em uns 30 países em 2008 e isso pode se repetir agora uma vez que a situação não mudou nos últimos três anos”, sustentou Mousseau, autor do livro “O desafio dos altos preços dos alimentos: uma revisão das respostas para combater a fome”. Os países mais vulneráveis são os mais dependentes das importações e os menos capazes de enfrentar o aumento dos preços nos mercados com políticas públicas, sustentou. Isso concerne a muitas das nações mais pobres, com menos recursos, menos instituições e menos mecanismos públicos para apoiar a produção de alimentos”, explicou ainda Mousseau.

No final do ano passado ocorreram protestos na China pelos altos preços das refeições dos estudantes do ensino secundário, e na Argélia, pelo aumento do preço da farinha, do leite e do açúcar. Os argelinos voltaram a tomar as ruas na semana passada para protestar contra as duras condições econômicas. As manifestações terminaram com três mortos e centenas de feridos, enquanto que, na vizinha Tunísia, distúrbios similares causaram pelo menos 20 vítimas fatais.

Segundo o índice da FAO divulgado na semana passada, os preços dos cereais, dos grãos oleaginosos, lácteos, carnes e açúcar seguiram aumentando por seis meses consecutivos. “Estamos entrando em um terreno perigoso”, disse Abdolreza Abbassian, economista da FAO, para um jornal de Londres. Mousseau explicou que os preços começaram a aumentar em 2010 após as quebras de safras na Rússia e Europa Oriental, em parte causadas pelos incêndios de verão. Agora, as severas inundações que atingiram a Austrália, quarto maior exportador mundial de trigo, provavelmente afetarão a produção desse cultivo, elevando ainda os preços. “Qualquer outro acontecimento, como outro desastre climático em algum país exportador ou um novo aumento do preço do petróleo, sem dúvida alguma fará os preços dispararem, tornando a situação pior que a de 2008 e ameaçando o sustento de milhões de pessoas em todo o mundo”, acrescentou.

Por outro lado, Mousseau esclareceu que não se trata agora de um problema de escassez, como ocorreu em 2007-2008. “Não se pode usar a palavra escassez se consideramos que mais de um terço dos cereais produzidos no mundo são usados como alimento para animais, e que uma parte cada vez maior é utilizada para produzir agrocombustíveis”, observou. De fato, produziram-se 2,23 bilhões de toneladas de cereais no mundo em 2008, uma cifra sem precedentes. O nível de produção para o período 2010-2011 é levemente menor que o de 2008. A diferença é que, em 2008, foi o arroz que impulsionou a alta de preços, enquanto que, desta vez, é o trigo. Mas, em todo o caso, há uma combinação de fatores agindo: uma má colheita em uma parte do mundo provoca uma pressão sobre o mercado, que envia sinais negativos aos especuladores. Esses então começam a comprar e os preços disparam.

Tradução: Katarina Peixoto

9 de jan. de 2011

Dilma lança PAC do combate à miséria


 

06 de janeiro de 2011 17h46

A presidente Dilma Rousseff, reuniu nesta quinta-feira seus ministros da área social para encomendar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do combate à miséria com iniciativas como a ampliação das redes sociais e das políticas de transferência de renda e inclusão produtiva. "Vamos organizar, no próximo período, essas metas e trabalhar em reuniões bilaterais. No comitê gestor, vamos organizar o desenho do programa e apresentá-lo à sociedade e aos parceiros estratégicos, entre eles os governos estaduais e municipais", disse a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello.
Um dos principais objetivos do Governo que Dilma é o fim da pobreza extrema na qual ainda vivem cerca de 30 milhões de brasileiros.
Campello explicou que, na reunião desta quinta-feira, ficou claro que todos os programas sociais aplicados pelo Governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva serão mantidos, e que a diferença será no foco no que qualificou de "inclusão produtiva".
De acordo com a ministra, "não se pode combater a pobreza somente com políticas de transferência de renda, por isso será traçada uma agenda de inclusão social e produtiva, e de ampliação das redes de serviços públicos, saneamento, educação e qualificação profissional".
Além do ministério dirigido por Campello, participaram da reunião os ministérios da Saúde, Fazenda, Educação, Cidades, Integração Nacional e Trabalho, assim como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que será responsável pelo financiamento dos projetos.

4 de jan. de 2011

Arlete Sampaio é a nova Secretária de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda do DF.

(04/01/2011 - 19:37)

               


Arlete Sampaio tomou posse nesta terça-feira, 04/01, como Secretária de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (SEDEST) em cerimônia “simples e simbólica no nosso espaço de trabalho”, como ressaltou a nova secretária. O ato aconteceu na própria SEDEST, no anexo do Palácio do Buriti. Cerca de 130 pessoas lotaram a sala de reunião. Estiveram presentes, além dos servidores da casa e dos ex-subsecretários e os atuais, o Secretário de Cultura – Hamilton Pereira da Silva, Maria Laura – Secretária do Setorial de Mulheres do PT/DF e Fernando Tolentino – Diretor da Imprensa Nacional.

O ex-Secretário da SEDEST, Edgard Lourencini, agradeceu o apoio de outras secretarias, de parceiros e funcionário e ressaltou a experiência da atual Secretária na Secretaria Executiva do MDS.

Arlete Sampaio iniciou seu discurso agradecendo a presença de companheiros e amigos, disse da importância da gestão passada que deu visibilidade à Secretaria, ampliando o número de servidores concursados e os serviços. Ressaltou que os servidores da casa devem ser valorizados. “As políticas de estado devem permanecer para além das pessoas que estão no governo”, ressaltou.

“Repatriamos para a SEDEST funcionários da casa.” Assim Arlete Sampaio apresentou sua nova equipe. Ressaltou a missão de qualificar os serviços para se aproximar das normativas construídas pelo MDS para as políticas de Assistência Social, de Segurança Alimentar e de Transferência de Renda.

Arlete Sampaio lembrou da preocupação do Governador Agnelo Queiroz: “Vamos reduzir as profundas desigualdades sociais existentes no DF.” Por isso, enfatizou o amplo diálogo com o Governo Federal e o apoio que terá da nova Ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello.

Com um agradecimento ao ex-Secretário, Edgard Lourencini, e toda sua equipe que facilitou o acesso às informações na transição, Arlete Sampaio salientou que será necessário articular com outras secretarias ações que visem a melhoria da qualidade de vida da população do Distrito Federal e chamou o Padre Gabrielli, que propagou as bênçãos sobre os presentes.

Ministra Tereza Campello assume MDS aceitando o desafio de erradicar a miséria

02/01/2011 19:30
A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, assumiu o cargo dizendo que é possível erradicar a miséria no Brasil e promover a inclusão produtiva. Ela falou sobre os recentes avanços na área social e defendeu estratégias conjuntas para o desafio dos próximos quatros anos.
Bruno Spada/MDS
Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social e Combate, discursa durante a solenidade
de transmissão de cargo
Tereza Campello assumiu neste domingo (02/01) o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) aceitando o desafio da presidente Dilma Rousseff de erradicar a miséria no Brasil e promover a inclusão produtiva. “É possível e temos o dever de ousar mais uma vez”, afirmou.

Em discurso na transmissão de cargo, ela falou dos próximos passos da pasta: “Esta próxima etapa buscará incluir o núcleo dos brasileiros mais pobres e o núcleo mais complexo e os mais vulneráveis, os invisíveis afastados dos serviços públicos, sem documento, sem direito, sem cidadania.” E lembrou que o esforço dos próximos quatro anos implica em continuidade, consolidação das conquistas e aprofundamento das políticas de inclusão. “Isto exigirá inovação e superação”, salientou.

A ministra disse que será necessário construir várias estratégias para atender às diversidades regionais, culturais e sociais do pais e deu grande ênfase às ações de inclusão produtiva. “Já fizemos muito, mas muito ainda há de ser feito. Vamos seguir em frente com o projeto de nação com desenvolvimento econômico, acompanhado de distribuição de renda, distribuição de cultura e distribuição de poder”.

Ela falou dos avanços do Fome Zero e do Bolsa Família, lembrando que 93% dos beneficiários do programa fazem três refeições por dia e mais de 11 milhões de brasileiros passaram a viver em segurança alimentar. Ela também reforçou a importância da gestão compartilhada entre governos federal, estaduais e municipais e lembrou das conquistas sociais nos últimos anos, citando o 4o. Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que aponta a queda da pobreza extrema de 12% em 2003 para 4,8% em 2008.

Tereza Campello entrou no auditório lotado do Bloco K de braços dados com a ex-ministra Márcia Lopes e ambas foram aplaudidas de pé. Na despedida, Márcia afirmou que participar do MDS foi uma experiência fantástica num governo que teve a ousadia e a coragem de enfrentar a realidade do Brasil. “Chegamos a um patamar de interlocução qualificada e não é a toa que estamos assistindo à redução da desigualdade no Brasil”.

Participaram da cerimônia ministros do governo Lula (Guilherme Cassel, do Desenvolvimento Agrário,) e do governo Dilma Rousseff (Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência; Isabel Teixeira, do Meio ambiente; Luiz Sérgio, das Relações Institucionais; Afonso Florence, do Desenvolvimento Agrário; Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos; Luiza Bairros, da promoção da Igualdade Racial; Miriam Belchior, do Planejamento; Fernando Haddad, da Educação; e Alexandre Padilha, da Saúde), secretários e servidores do MDS, dirigentes de Conselhos, deputados federais e senadores, entre outras autoridades.

Biografia - Como assessora especial da Presidência da República no início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Tereza Campello participou da coordenação do grupo de trabalho que concebeu o Bolsa Família. Depois, subchefe de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, esteve à frente de projetos prioritários na área de desenvolvimento, como os programas de Produção de Biodiesel, de Etanol e Territórios da Cidadania, além do Plano Nacional de Mudanças Climáticas, do programa de produção sustentável de óleo de palma e do Mutirão Arco Verde, que levou serviços públicos, regularização fundiária e fomento ao desenvolvimento sustentável na Amazônia.

Paulista de Descalvado e formada na Universidade Federal de Uberlândia, ela foi fundadora do Partido dos Trabalhadores (PT) e professora do Curso de Economia na Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), na cadeira de Economia do Setor Público.

Entre 1989 e 1993, foi assessora econômica da Prefeitura de Porto Alegre e coordenadora do Gabinete de Planejamento e Orçamento Participativo. Trabalhou na assessoria de Olívio Dutra (quando prefeito e governador) e com os ex-prefeitos Raul Pont e Tarso Genro.

Antes de participar da equipe de transição do primeiro governo Lula, quando assessorou Tarso Genro e ajudou a formatar o programa econômico, foi secretária substituta e coordenadora da Secretaria Geral de Governo do Rio Grande do Sul.

Acesse o boletim: Ministra Tereza Campello assume MDS aceitando o desafio de erradicar a miséria

Ouça na íntegra o discurso: Pronunciamento de posse

Roberta Caldo
Ascom/MDS
(61) 3433.1244

 
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